Não tem a ver com aparência, com a idealização do corpo, ao contrário, trata da essência do feminino, de conhecer-se, aceitar-se no íntimo, respeitar a cápsula protetora desse gênero, inúmeras vezes rejeitado ou diminuído na história da humanidade. Usando o corpo feminino como condutor de sua poética, a artista revela as inquietudes das mulheres, pintando e afirmando a beleza de suas imperfeições.

O papelão corrugado é material simbólico preponderante, revela fragilidade, uma delicadeza rasgada, corroída, mas que teve primeiramente a função de acondicionar, proteger. Os trabalhos solicitam em voz alta consideração, uma luta constante do gênero, mas sobretudo, deixam transparecer a força que as mulheres carregam em forma de resiliência, generosidade e sororidade. As obras de Susan Mendes não são apenas denúncia, são cura. (Viviane Possa, curadora)